segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Pedras


Arvores desfolhadas


domingo, fevereiro 27, 2011

Mar


Linha


quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Porto de pesca


terça-feira, fevereiro 15, 2011

Reflexo marginal

Calcorreio a calçada
Vagueando só
No mundo crescem as loucuras
E as desventuras
Da alma
Dos outros
Onde a memória da rua
Solta a embriaguez
Agora madura
Sempre distante
Algures à procura
Do que foi e não é
Onde os passos são eternos,
Dados e amargurados
Nesta calçada
Que não te vê!

[© Nuno Pinto Bastos]

Quero Sim

terça-feira, fevereiro 08, 2011

Trespassa a hegemonia da sombra

Trespassa a hegemonia da sombra
e descobrirás o ocluso
coração da luz.
O negro é apenas a cor
onde todas as cores repousam.

Não interrogues o dia
sobre a miríade de tons em que ele se imprime.
Procura a penumbra
e ela responder-te-á
com todo o contraste que lhe está negado.

[Jorge Melícias]

Deve ser o último tempo

Deve ser o último tempo
A chuva definitiva sobre o último animal nos pastos
O cadáver onde a aranha decide o círculo.
Deve ser o último degrau na escada de Jacob
E último sonho nele
Deve ser-lhe a última dor no quadril.
Deve ser o mendigo à minha porta
E a casa posta à venda.
Devo ser o chão que me recebe
E a árvore que me planta.
Em silêncio e devagar no escuro
Deve ser a véspera.Devo ser o sal
Voltado para trás.
Ou a pergunta na hora de partir.

[Daniel Faria]

Cedo ou tarde

Devias saber
que é sempre tarde
que se nasce, que é
sempre cedo
que se morre. E devias
saber também
que a nenhuma árvore
é lícito escolher
o ramo onde as aves
fazem ninho e as flores
procriam.

[Albano Martins]

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Nem me avisto

Não vejo a minha branca sombra
nem me avisto
ao longe partir do sol que recua
mas sei
que os peixes nadam nos meus olhos
a saudade das distâncias sulcadas
num rio como o sangue percorrido.

[João Martim]

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Segredo

Nem o Tempo tem tempo
para sondar as trevas

deste rio correndo
entre a pele e a pele

Nem o Tempo tem tempo
nem as trevas dão tréguas

Não descubro o segredo
que o teu corpo segrega

[David Mourão Ferreira]

A vida sem palavras

Entre riso e sangue,
cabeça e espada,
entrada e saída,
flor e escarro,
sempre a vida,
a vida sem mais nada,
entre estrela e barro.

Entre homens e bichos,
entre rua e escadas,
entre grito e nojo,
a vida com seus lixos
e mãos violadas,
entre mar e tojo.

Entre uivo e poema,
entre trégua e luta,
vida no cinema,
no café, na cama,
vida absoluta.

[António Rebordão Navarro]