quinta-feira, setembro 21, 2006

...o sopro do avançar das horas

( Foto retirada da web)

«Em dominó batem-se as portas e vão-se apagando as luzes pelos cubos encastoados nos edifícios.
O cântico ininterrupto da cigarra desperta-me, fez do parapeito da janela que me une e aparta de mim e das coisas, a estante da sua partitura, mitigando os sons do ambiente envolvente, silenciados como que em respeito pelo cantar do seu fado.
Algumas luzes, no entanto, permanecem levando-me a adivinhar e a imaginar quem iluminam e o porquê de ainda resistirem ao sopro do avançar das horas.
Ocorre-me a imagem de umas dezenas de homens ou mulheres, de t-shirt desbotada de dois números acima, de cuecas de elástico carcomido, inclinados às janelas, a tocar o céu e a decifrar o mesmo enigma. Uma lasca de seriedade fere o balão de pensamento e preencho cada cubo aceso ou apagado com vivências.»

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