domingo, outubro 15, 2006

Fotografia de MJArcanjo 2006


...Que culpa terão as ondas
Dos movimentos que façam?
-São os ventos que as impelem
E sulcos profundos traçam.
...Aos ventos quem lhes ordena
Que rasguem rugas no mar?
-São as núvens inquietas
Que os não deixam sossegar.
...E as núvens, almas de névoa,
Porque não param, coitadas?
-É que as aas das gaivotas
As trazem desafiadas.
...Mas as asas das gaivotas
O cansaço há-de detê-as!
-Juraram buscar descanso
Nas pupilas das estrelas.
E como as estrelas estão altas
E não tombam nem se alcançam,
As asas das pobrezinhas
Baldadamente se cansam...
Baldadamente se cansam....
Baldadamente palpitam!...
As núvens, por fatalismo,
Logo com elas se agitam;
Os impulsos que elas dão
Arrastam as ventanias;
As vagas arfam nos mares
Em macabras fantasias...

...Assim as almas inquietas...
Prisioneiras de ansiedades,
Mal que se erguem da terra,
Naufragam nas tempestades

in Dispersos - Reinaldo Ferreira

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