aves estranhas rumam a norte às vezes
cansadas do sul
buscam novos pontos cardeais ao vento
mudas de impaciência
riscam as nuvens em silêncio e batem
o desespero nas asas
não encontram o sol refugiado aos pés
do horizonte tropical
coleccionam bátegas de chuva no rosto
ensopadas de suor
não recuam até às portas do céu e avançam
prisioneiras do voo
seguem em direcção de constelações etéreas
sem olhar para trás
é como se uma consciência viva e madura
lhes soprasse a voz de comando
o sacrifício é o nada a morte o ápice
o hálito do infinito
desenham mapas de sombras com a luz às costas
e gritam de desimporte
são essas as aves que não rumam a sul
atraídas pelo norte
José António Gonçalves
(in "Os Pássaros Breves")
quarta-feira, julho 18, 2007
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