domingo, setembro 30, 2007

A cobra

Eu começara a ganhar raízes pelas barreiras. Ia apreendendo a conhecer os répteis pelo rumor. Quando o sol apertava, uma cobra azul, não, verde, não, azul, aproximava-se, os olhos cor de basalto. Ficava ali a olhar-me, eu a olhá-la. Fascinados. Um dia não sei o que me deu, corri a trás dela, entrou num buraco das silvas, ainda lhe acertei com a pedra, por momentos a cauda agitou-se crispada em convulsões, depois desapareceu, talvez lhe tivesse quebrado a espinha, nunca mais a vi. Era azul. Verde. Um braço de sol

Eugénio de Andrade

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