Foi-se gastando a esperança,
Fui entendendo os enganos;
Do mal ficarão me os danos,
E do bem só a lembrança
O mundo bem e mal tem,
E porém é ele tal
Que dá poucas vezes bem,
Se não é por mal.
E o mais certo se alcança
Dele em fim de muitos anos
É do mal todos os danos,
E do bem só a lembrança.
Vejo sempre o mal presente,
E o bem vir ou passado.
Do passado estou ausente!
Do porvir desesperado!
Vejo no bem mil enganos,
E no mal nenhuma mudança
Se não dobrar-se os danos
Com ter do bem só lembrança.
S’em tal vida tanto duro,
Isto nela me sustém,
Vivo, de mais mal seguro;
Não me haja’qui outro bem.
[Sá de Miranda]
sábado, outubro 06, 2007
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