sábado, novembro 24, 2007

Em louvor das gaivotas

Enquanto leio sonolento um romance
de Camilo, um vento
desabrido e alegre varre as dunas.
Leva consigo toldos, roupas, crianças.
Quando mais tarde a luz,
esta tão leve luz meridional
regressa, já as gaivotas
são senhoras das areias
e, minuciosas, de maneira exemplar,
destroem tudo quanto é ainda
a mal cheirosa memória humana
numa espécie de paixão –
digo-vos.

[Eugénio de Andrade]

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