quinta-feira, janeiro 24, 2008

Já lentamente sofro a tua água, o sopro..

Já lentamente sofro a tua água, o sopro
da memória nas colinas.
Deste-me um corpo, a casa
onde acordar o vento, e a terra, e a paz
desconhecida.
Nesta cave de pele te implorei os dias
o óleo da manhã nas mãos desertas.
A cada instante me devora o gume
embotado da tua
luz sonora.

Afasta do meu rosto a tua vã promessa. Deixa
que seja brando o sono sem lembrança,
um chão de terra nua.
Do teu jardim de chamas me despeço.

ANTÓNIO FRANCO ALEXANDRE
[Visitação, Assírio & Alvim, 1983]

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