domingo, maio 18, 2008

Porto Santo





Mar calado

Antonio Miranda Fernandes

Aqui, na paz dos cheiros adocicados do porto,
sobre a nau que dança uma canção lenta e longa,
presa a sua amarra, num mar quase calado,
ouço o chuvisco dos teredos em ebulição no casco.
Vez ou outra uma estrela dourada
se solta do céu e mergulhano horizonte prateado.
Quase posso ouvir a fervura no estremecer das águas.

As estrelas libertas não farão falta ao céu.
Talvez ele nem perceba,
mas aquecerão o mar que sente frio.
Eu, sentindo o oco da minha solidão,
navego com os pensamentos para muito longe,
em busca de carinhos quentes e,
aquecido com afago da amada,
meus olhos se sentem sonolentos
no estofo da maré dos sentimentos em remanso

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