Já conheces a dor de parir.
Não conheces a dor de perder.
Parir é encher de vida,
a dor maior
que menos faz sofrer!
Perdê-lo é fugir à vida…
Que dor maior pode haver?
[Maleza]
quinta-feira, março 29, 2007
quarta-feira, março 28, 2007
terça-feira, março 27, 2007
Dentro de mim, ruína!
Naquele monte de esterco,
Nasceu uma florita.
Naquela poça de chuva,
há um pedaço de céu azul…
Na lama dos meus sapatos,
o carinho da terra em que nasci…
Dentro de mim a ruína,
dum sonho que vivi!
[Maleza]
Nasceu uma florita.
Naquela poça de chuva,
há um pedaço de céu azul…
Na lama dos meus sapatos,
o carinho da terra em que nasci…
Dentro de mim a ruína,
dum sonho que vivi!
[Maleza]
segunda-feira, março 26, 2007
Viver nem sempre é vida!
Se vida é viver,
viver nem sempre é vida…
É um compasso de espera,
dolorida,
duma nota que fere,
dissonante,
uma pausa final,
em melodia errante!
[Maleza]
viver nem sempre é vida…
É um compasso de espera,
dolorida,
duma nota que fere,
dissonante,
uma pausa final,
em melodia errante!
[Maleza]
sábado, março 24, 2007
sexta-feira, março 23, 2007
quinta-feira, março 22, 2007
TORTURA
Tirar dentro do peito a Emoção,
A lúcida Verdade, o Sentimento!
- E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento!...
Sonhar um verso de alto pensamento,
E puro como um ritmo de oração!
- E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento...
São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!
[Florbela Espanca]
A lúcida Verdade, o Sentimento!
- E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento!...
Sonhar um verso de alto pensamento,
E puro como um ritmo de oração!
- E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento...
São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!
[Florbela Espanca]
AGARREI NO AR...
Agarrei no ar um véu
esmaecido de azul,
igual ao azul do céu
iluminado pela lua.
Eu passo a vida a sonhar
iluminado pela lua.
[Ruy Cinatti]
esmaecido de azul,
igual ao azul do céu
iluminado pela lua.
Eu passo a vida a sonhar
iluminado pela lua.
[Ruy Cinatti]
domingo, março 18, 2007
[Quando eu partir, Quando eu partir de novo,]
Quando eu partir, quando eu partir de novo,
A alma e o corpo unidos,
Num ultimo e derradeiro esforço de criação;
Quando eu partir…
Como se um outro ser nascesse
De uma crisálida prestes a morrer sobre um muro estéril,
E sem que o milagre lhe abrisse
As janelas da vida…-
Então pertencer-me-ei,
Na minha solidão, as minhas lágrimas
Hão-de ter o gosto dos horizontes sonhados na adolescência,
E eu serei o senhor da minha própria liberdade.
Nada ficará no lugar que eu ocupei.
O último adeus virá daquelas mãos abertas
Que hão-de abençoar um mundo renegado
No silêncio de uma noite em que um navio
Me levar para sempre
Mas ali
Hei-de habitar no coração de certos que me amaram;
Ali hei-de ser eu como eles próprios me sonharam;
Irremediavelmente…
Para sempre.
Ruy Cinatti
[Londres, 1915 – 1986]
A alma e o corpo unidos,
Num ultimo e derradeiro esforço de criação;
Quando eu partir…
Como se um outro ser nascesse
De uma crisálida prestes a morrer sobre um muro estéril,
E sem que o milagre lhe abrisse
As janelas da vida…-
Então pertencer-me-ei,
Na minha solidão, as minhas lágrimas
Hão-de ter o gosto dos horizontes sonhados na adolescência,
E eu serei o senhor da minha própria liberdade.
Nada ficará no lugar que eu ocupei.
O último adeus virá daquelas mãos abertas
Que hão-de abençoar um mundo renegado
No silêncio de uma noite em que um navio
Me levar para sempre
Mas ali
Hei-de habitar no coração de certos que me amaram;
Ali hei-de ser eu como eles próprios me sonharam;
Irremediavelmente…
Para sempre.
Ruy Cinatti
[Londres, 1915 – 1986]
sábado, março 17, 2007
COMUNHÃO
Falo do sacramento do silêncio,
Da muda eucaristia
Da vida,
Quando no mundo não havia ainda
Palavras
E ninguém profanava
A terra que pisava.
Falo da neve, sem qualquer imagem
A sujar-lhe a brancura.
E relembro a pureza
Do lobo a passeá-la sem a ver,
À procura
Da presa
Que há-de comer
Falo do mar sem ninfas
E sem Camões.
Das estações
Do ano,
Conhecidas apenas
Pela fúria do vento,
Pelo cheiro das flores,
Pelo gosto dos frutos
E pelo sono das folhas fatigadas
No altivo travesseiro das ramadas.
Falo do que não tinha nome,
E tem nome,
E o nome desfigura.
E queixo-me de ti, humana criatura,
Que dizes madrugada
De janela fechada,
E acreditas
Que o som da tua voz enclausurada
Traz o renovo que necessitas.
Miguel Torga
Da muda eucaristia
Da vida,
Quando no mundo não havia ainda
Palavras
E ninguém profanava
A terra que pisava.
Falo da neve, sem qualquer imagem
A sujar-lhe a brancura.
E relembro a pureza
Do lobo a passeá-la sem a ver,
À procura
Da presa
Que há-de comer
Falo do mar sem ninfas
E sem Camões.
Das estações
Do ano,
Conhecidas apenas
Pela fúria do vento,
Pelo cheiro das flores,
Pelo gosto dos frutos
E pelo sono das folhas fatigadas
No altivo travesseiro das ramadas.
Falo do que não tinha nome,
E tem nome,
E o nome desfigura.
E queixo-me de ti, humana criatura,
Que dizes madrugada
De janela fechada,
E acreditas
Que o som da tua voz enclausurada
Traz o renovo que necessitas.
Miguel Torga
quinta-feira, março 15, 2007
Pecadilhos de amor
Olho no espelho
O reflexo pálido
Das flores
O brilho do sol
Nos meus encantos
De recantos e de prantos
Repartidos
Quando ecoam em mim
Os gritos do teu brilho
Estremecedor
Cem vezes repetidos
Sem pudor
Pecadilhos de amor.
©Amores Perfeitos – Nuno Pinto Bastos
O reflexo pálido
Das flores
O brilho do sol
Nos meus encantos
De recantos e de prantos
Repartidos
Quando ecoam em mim
Os gritos do teu brilho
Estremecedor
Cem vezes repetidos
Sem pudor
Pecadilhos de amor.
©Amores Perfeitos – Nuno Pinto Bastos
terça-feira, março 13, 2007
domingo, março 11, 2007
Os Amantes
Ninguém acredita nos amantes
Enquanto estão vivos, os cafés fecham à hora
e os táxis são raros depois da meia-noite
A própria noite não acredita neles
e retira-se cedo dos jardins públicos
para invadir os quartos de dormir
onde as paredes gemem sobre o peso das coisas
E, quando morrem, os seus caixões são estreitos
Como os dos outros
[Khayri Mansur]
Enquanto estão vivos, os cafés fecham à hora
e os táxis são raros depois da meia-noite
A própria noite não acredita neles
e retira-se cedo dos jardins públicos
para invadir os quartos de dormir
onde as paredes gemem sobre o peso das coisas
E, quando morrem, os seus caixões são estreitos
Como os dos outros
[Khayri Mansur]
sexta-feira, março 09, 2007
Tanto às vezes…
Às vezes
O mundo é esquisito como o mundo
As pessoas são fúteis como as pessoas
As ruas são frias como as ruas
O céu é triste como o céu
O sol é sereno como o sol
A lua é bonita como a lua
As estrelas são pérolas como as estrelas
As nuvens são leves como as nuvens
A noite é poesia como a noite
(Tanto) às vezes como sempre.
©Amores Perfeitos – Nuno Pinto Bastos
O mundo é esquisito como o mundo
As pessoas são fúteis como as pessoas
As ruas são frias como as ruas
O céu é triste como o céu
O sol é sereno como o sol
A lua é bonita como a lua
As estrelas são pérolas como as estrelas
As nuvens são leves como as nuvens
A noite é poesia como a noite
(Tanto) às vezes como sempre.
©Amores Perfeitos – Nuno Pinto Bastos
quinta-feira, março 08, 2007
domingo, março 04, 2007
Meu
Nos meus olhos
O cansaço
No meu nariz
O teu cheiro
Nas minhas mãos
O teu toque
Nos meus ouvidos
A tua voz
Na minha boca
O teu gosto
Na minha vida
A tua presença.
©Amores Perfeitos – Nuno Pinto Bastos
O cansaço
No meu nariz
O teu cheiro
Nas minhas mãos
O teu toque
Nos meus ouvidos
A tua voz
Na minha boca
O teu gosto
Na minha vida
A tua presença.
©Amores Perfeitos – Nuno Pinto Bastos
sábado, março 03, 2007
Nós, a vida e a pequenez
De que nada nos fazemos
Quando nos olhamos
Da cabeça aos pés?
Há alturas onde o mundo é neutro
Apenas sentimos o ser que nos fez
Os nadas no seu conjunto,
As batalhas no seu todo,
Os padrões no seu absurdo,
O neutro no seu prelúdio,
A vida e a pequenez.
©Amores Perfeitos – Nuno Pinto Bastos
Quando nos olhamos
Da cabeça aos pés?
Há alturas onde o mundo é neutro
Apenas sentimos o ser que nos fez
Os nadas no seu conjunto,
As batalhas no seu todo,
Os padrões no seu absurdo,
O neutro no seu prelúdio,
A vida e a pequenez.
©Amores Perfeitos – Nuno Pinto Bastos
sexta-feira, março 02, 2007
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