sexta-feira, agosto 17, 2007

O Tempo

Um astrónomo, disse: Mestre
Que pensas do tempo?

- Gostaríeis de medir o tempo, o infinito
E o incomensurável. Gostaríeis de ajustar
A vossa acção e até orientar o curso
Do vosso espírito de acordo com as horas
E com as estações.
Gostaríeis de fazer do tempo um rio em cujas
Margens pudésseis sentar-vos a contemplar
O seu curso.
No entanto, o infinito que há em vós tem
consciência da eternidade da vida: e sabe que
o hoje é só memória do dia de ontem e que o
amanhã é sonho de hoje. E que aquilo que em
vós canta e em vós contempla mora ainda
nos limites daquele primeiro momento que semeou
as estrelas no espaço.
Quem de vós não sente o seu poder de amar
é ilimitado? Quem não sente que esse autêntico
e verdadeiro amor, embora sem limites, e fechado
no cento do seu ser, não se desloca de um
sentimento de amor a outro sentimento de amor?
E não é o tempo, como o amor, indivisível e imóvel?

Se no vosso pensamento tiverdes de medir
o tempo em estações deixai que cada estação
abrace todas as outras.
E deixai que o dia de hoje abrace com saudade o
Passado e o futuro com ansiosa esperança.

[Khalil Gibran]

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